86 99924-3051


Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna

Telefonema provoca bate-boca e amplia desgaste de Bolsonaro em Poderes



A publicação da conversa entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) sobre a CPI da Covid provocou nesta segunda-feira (12) um bate-boca que atingiu outras autoridades e ampliou o desgaste do governo com o Congresso e o STF (Supremo Tribunal Federal).

O conteúdo da ligação telefônica, que veio a público no domingo (11) e teve uma segunda parte divulgada no dia seguinte, expôs a pressão de Bolsonaro para que o Senado amplie o escopo da CPI que investigará responsabilidades na pandemia, de forma a atingir também prefeitos e governadores.

A instalação da comissão parlamentar de inquérito sobre a atuação do governo federal na crise sanitária foi determinada na quinta-feira (8) pelo ministro do STF Luís Roberto Barroso, em decisão monocrática que deverá ser julgada no plenário físico da corte nesta quarta-feira (14).

A exposição da conversa, feita por Kajuru em redes sociais, mostrava o presidente dizendo que, se os senadores não alargarem o foco de investigação da CPI, incluindo apurações sobre as ações de governos estaduais e prefeituras, serão escrutinados apenas o governo federal e seus aliados.

No diálogo, o chefe do Executivo também estimulou o senador a atuar pelo impeachment de ministros do STF, sugerindo que dá para fazer "do limão uma limonada".

Na manhã desta segunda-feira, ao conversar com simpatizantes em Brasília, Bolsonaro condenou o registro e a divulgação do diálogo, indicando que não sabia que estava sendo gravado.

"O que está em voga hoje em dia é que eu fui gravado numa conversa telefônica. A que ponto chegamos no Brasil aqui. Gravado", disse Bolsonaro, segundo imagens divulgadas na internet por um apoiador.

"Não é vazar. É te gravar. A gravação é só com autorização judicial. Agora, gravar o presidente e divulgar. E outra, só para controle, falei mais coisas naquela conversa lá. Pode divulgar tudo da minha parte, tá?", complementou o presidente na porta do Palácio da Alvorada.

Kajuru, durante entrevista à Rádio Bandeirantes ainda pela manhã, decidiu então divulgar um trecho ainda inédito. Nele, Bolsonaro chamou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) de "bosta" e afirmou que teria que "sair na porrada" com o autor do requerimento de criação da CPI da Covid.

"Se você [Kajuru] não participa [da CPI], vem a canalhada lá do Randolfe Rodrigues para participar e vai começar a encher o saco. Daí, vou ter que sair na porrada com um bosta desses", afirmou o presidente.

À rádio Kajuru disse ter avisado a Bolsonaro às 12h40 de domingo que, em 20 minutos, divulgaria o áudio da conversa. De acordo com o parlamentar, todos sabem que ele grava seus contatos telefônicos e que já divulgou outros diálogos que teve com Bolsonaro.

O senador relatou que em nenhum momento o presidente pediu que ele não publicasse o áudio. Afirmou ainda que omitiu o ataque a Randolfe para proteger o chefe do Executivo, que a ofensa foi desnecessária e que, ao ouvi-la, pediu calma a Bolsonaro e disse não ser "hora disso".

Randolfe disse à Bandeirantes que "o presidente devia ter coisas mais importantes para se preocupar do que chamar senador para briga de rua". "Eu não sei o presidente, mas eu não tenho idade para participar de briga de rua", respondeu o parlamentar de oposição.

Ao jornal Folha de S.Paulo Kajuru disse que sua ligação não foi nenhuma armadilha para Bolsonaro e que não estava fazendo nenhum "teatro" durante a conversa, diferentemente do que interpretaram ministros do STF.

Segundo magistrados ouvidos também pela Folha de S.Paulo, o diálogo poderia ter sido armado pelos dois para constranger ministros da corte. Ministros disseram acreditar que a conversa não teria sido espontânea, mas, sim, combinada previamente.

No plenário do tribunal, a tendência é que a decisão de Barroso pela instalação da CPI seja mantida, mas os ministros articulam um meio-termo: a comissão só começaria a funcionar depois que o Senado voltasse a se reunir presencialmente, com um risco menor de contaminação pela Covid-19.

Os ataques de Bolsonaro aos ministros causaram turbulência justamente no momento em que o tribunal discutia um entendimento que, em tese, pode beneficiá-lo, protelando a instalação da CPI. As conversas no STF se intensificaram no fim de semana, mas ainda não há conclusão definitiva sobre o assunto.

O ministro Marco Aurélio Mello disse à Folha de S.Paulo que as afirmações do presidente causam perplexidade. "Em tempos estranhos nada surpreende, deixa a todos perplexos", afirmou.
"Se alguém fez teatro foi o presidente Bolsonaro. Eu não fiz teatro nenhum, não. Eu fui reivindicar o meu direito de cobrar dele para ele ser justo e não colocar todo o mundo [todos os senadores] na mesma vala", afirmou Kajuru à Folha de S.Paulo.

"Eu não faço parte de teatro. Que esses ministros me respeitem. Eu respeito alguns só, tanto que estou pedindo impeachment de Alexandre de Moraes e no ano passado pedi do Gilmar Mendes. [...] Não tenho nada que comentar uma barbaridade dessa, dita dessa forma", continuou.

O senador insistiu que não participa "de teatro nenhum" e afirmou que esse papel é feito, na verdade, pelo Supremo. "Basta ver os julgamentos, com esses placares de 6 a 5. Ali que é teatro. Me respeitem."

Kajuru disse também que o presidente teve chances de se opor à divulgação, mas que não o fez e apenas nesta segunda "mudou de ideia", muito provavelmente após ter sido alertado de que cometeu erros.

O senador afirmou que telefonou para Bolsonaro "exclusivamente para reclamar dele". "Ele não foi correto com outros senadores e nem comigo, ao generalizar todos os senadores que queriam fazer só uma CPI contra ele, que ele chamou de 'CPI Sacana'. [...] Chegou a chamar de canalhada todo o mundo."

Ele disse que divulgou o material porque o considerava importante. "Eu decidi colocar no ar porque é público, eu disse no Senado, na tribuna do Senado, que toda conversa minha com político eu gravo. [...] Não vi crime nenhum, porque toda vez que conversei com ele, sobre diabetes, sobre outros assuntos, eu botei no ar a nossa conversa. E ele nunca reclamou. Por quê? Porque quando era bom não reclamava."

Kajuru afirmou ainda que a divulgação da gravação ajudava a esclarecer outros senadores sobre o posicionamento do presidente.

"Eu pensei que isso aí esclarece de vez aos outros senadores que o Bolsonaro, pela primeira vez, disse que não é contra a CPI, porque eu fiz ele falar isso. Ele falou assim: 'Não, Kajuru, se ouvir governadores e prefeitos, tem mais é que ter CPI mesmo, pronto, acabou, não estou nem aí. Coloca tudo pra frente, impeachment, CPI, mas tem que ouvir governadores e prefeitos'."

O parlamentar também ironizou o fato de o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) ter anunciado que iria ao Conselho de Ética contra ele. Flávio sustenta que seu pai não deu consentimento à gravação da conversa. Para ele, o gesto do colega de Senado causa "instabilidade institucional".

"A gente iria juntos, cada um com o seu motivo", rebateu Kajuru. "Eu não cometi crime nenhum. Qual crime que eu cometi? E ele?", questionou, em referência aos pedido de abertura de procedimento contra o filho do presidente, por conta das acusações de crime de "rachadinha".

Kajuru afirmou ainda que não foi estimulado pelo presidente a entrar com pedidos de impeachment de ministros do STF e que já trabalhava por isso. "Ele não me instigou. Eu entrei antes de ele falar comigo. Eu disse: 'Já fiz isso, presidente'. Não foi ele que determinou, não. Eu entrei tem 60 dias."

"Eu não considero isso crime. Eu considero que foi uma opinião dada a ele e ele se mostrou duvidoso: 'Ah, o Kajuru não vai entrar com pedido de impeachment [de ministros do STF], nada'. E quis falar isso para mim."

Nesta segunda, o PDT protocolou na Câmara dos Deputados um novo pedido de impeachment contra Bolsonaro, alegando que o presidente ameaça o livre exercício dos Poderes. Uma das razões apresentadas foi a reação de Bolsonaro à decisão de Barroso pela instalação da CPI.

Na ocasião, o presidente foi às redes sociais dizer que "falta coragem moral" e "sobra imprópria militância política" ao ministro. No pedido apresentado pelo PDT, que é assinado pelo presidenciável Ciro Gomes e pelo presidente da legenda, Carlos Lupi, a postura do mandatário foi descrita como "brutal e hostil".

"Já não é nenhuma novidade que o presidente da República manifesta profundo desprestígio ao Poder Judiciário. São inúmeras as notícias que dão conta da proliferação de diversos atos acintosos ao livre exercício do Poder Judiciário", diz o documento.

O texto diz que, entre os possíveis crimes de responsabilidade que podem justificar um afastamento estão atos do presidente que atentem contra a Constituição e o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e das unidades da Federação.

A suposta interferência de Bolsonaro em outros Poderes foi mencionada por opositores diante da revelação da conversa com Kajuru.

Líder da minoria na Câmara, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) disse que o diálogo "é a confissão dos crimes do presidente na pandemia e mais um motivo para impeachment".

"Bolsonaro quer interferir no Legislativo e no STF para impedir que as investigações aconteçam. Vamos exigir a instalação da CPI da Covid imediatamente", afirmou em uma rede social. Ele também se solidarizou com Randolfe e disse que Bolsonaro "apela para a violência para fugir das investigações".

O ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) afirmou que "a conversa entre um senador e o presidente da República articulando contra uma CPI e um ministro do STF é um fato gravíssimo" e que "a própria CPI poderá investigar o possível crime do presidente da República".

Já a deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP), que se elegeu como apoiadora de Bolsonaro e hoje faz críticas pontuais a ele, minimizou as eventuais implicações jurídicas do episódio, afirmando não ver articulação entre o presidente e o senador contra instituições.

"A conversa de Bolsonaro com Kajuru me parece básica. Não vejo articulação", afirmou em uma rede social. "Se há algo a investigar é justamente o destino dado ao dinheiro liberado. [...] Eu mesma havia escrito aqui no Twitter que a CPI, se realmente instalada, deveria ter esse foco!"

"Fui a primeira a criticar o estilo Bolsonaro de enfrentamento da crise. Mas daí a dizer que ele tem culpa pelas mortes, vai uma distância. [João] Doria fez sempre o oposto de Bolsonaro e, em São Paulo, morre-se mais que no Brasil! CPI para que, afinal? Só se for para seguir o dinheiro", disse a deputada.

 

Folhapress



Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna Banner Botão Coluna