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Hospital troca corpos e família tem que desenterrar pai que morreu de Covid



Uma troca de corpos no Hospital de Doenças Tropicais Natan Portela causou transtornos a duas famílias nesta quinta-feira. A família do aposentado Boa Ventura Pereira Filho, de 68 anos, chegou a sepultar o outro corpo e só depois foi informada do incidente. 

De acordo com o genro do aposentado, o vigia Acácio Fernando, o sogro estava internado há 15 dias com Covid-19, quando informaram que ele não tinha resistido. Ontem pela manhã uma das três filhas foi com o marido para reconhecer o corpo e retornar a Alto Longá (a km de Teresina) onde moram. 

“Eles reconheceram e saíram porque tinham que entregar fechado. Como foi covid, não teve velório, só fizemos o cortejo até a localidade Nazaré, em Novo Santo Antônio, onde a mãe dele é enterrada e ele queria que fosse ao lado dela. Quando chegamos do enterro, umas três horas da tarde, meu cunhando recebeu a ligação de que tinha tido um problema na entrega do corpo e que era para levar de volta”, contou Acácio ao Cidadeverde.com. 

Parte da família voltou ao cemitério para desenterrar o corpo entregue e retornar à Teresina. “Enterramos ele de madrugada, só fui eu, uma nora e o filho, porque ninguém mais teve capacidade de ir”, contou o vigia. 

A outra família envolvida na situação é a do autônomo Almir Torres de Araújo, de 39 anos, que morreu no Hospital Natan Portela por complicações de uma infecção digestiva. 

Após receber a confirmação do falecimento, o cunhado de Almir, José Orlando Gomes, deu início aos trâmites para liberação do corpo, acionado a funerária. No início da tarde, o equívoco foi percebido, já durante a preparação do caixão para o enterro. Nesse momento, a família deu início a uma corrida por informações que só foi encerrada no final da noite de ontem. 

Por volta das 21h, a família decidiu registrar um boletim de ocorrência no 6º Distrito Policial. Minutos após o registro, a informação de que o corpo de Almir havia sido trocado e enterrado por engano em outro município foi comunicada. 

"Eu consegui essa informação conclusiva já era quase 10 da noite. Eu estava no Distrito. Depois que eu registrei o B.O é que ligaram para mim dizendo que o corpo estava em Alto Longá e iam desenterrar e esse corpo chegaria até meia noite no Natan Portela", relatou José Orlando ao cidadeverde.com. 

O corpo de Almir foi enterrado na manhã de hoje, no cemitério Santa Cruz, na zona sul da capital. Além do luto, a família também vivencia o sentimento de revolta com a situação enfrentada ontem. 

"Era uma vida, que tinha família, um cidadão, trabalhador, pai de família. Era um ser humano e isso não se faz com ninguém, principalmente em um hospital em que a direção é do Estado, que a gente sabe que tem como fazer um bom trabalho", desabafou o cunhado. 

O Hospital de Doenças Tropicais lamentou o ocorrido e informou que abriu uma sindicância para apurar as causas do transtorno e disponibilizou apoio de assistência social e psicologia para as famílias envolvidas. 

Confira nota na íntegra:

"A direção do Instituto Natan Portela lamenta profundamente o episódio e pede desculpas pelo transtorno gerado aos familiares. 

A direção esclarece que foi aberta uma sindicância para saber onde o protocolo de identificação de cadáveres foi rompido para esses pacientes. 

Tão logo a gestão do incidente seja concluída, as famílias serão chamadas para uma tratativa a fim de terem conhecimento do que realmente aconteceu.

As equipes de assistência social e de psicologia do Instituto estão acompanhando o lamentável episódio e à disposição para prestar todo o apoio aos familiares das vítimas.”


Cidadeverde.com



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